Mensagem do presidente: Sabia que estamos prestes a perder o nosso dia?

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Alex Nunes, presidente do SINPREFOR
Foto: Arquivo do sindicato
Estamos no mês de outubro, fazem cinco meses que passamos do Dia do Trabalhador e é justamente pensando nesta data tão importante para todos nós que hoje irei tecer alguns comentários e lembrar do risco iminente de perdermos esse dia histórico estabelecido após diversas lutas nas ruas há mais de cem anos bem como deixar claro a quem prestamos nossos serviços.


Ano de 1886, Chicago, Estados Unidos
Por lá as indústrias trabalhavam a todo o vapor através da força de trabalho de centenas de trabalhadores. Àquela altura o ser humano começava a ser tipificado nas contas dos empresários como uma despesa qualquer e não como pessoa. O que interessava a todos era a força de seus braços que se tornavam em mercadorias para os industriais independentemente de quem fosse, das condições de trabalho ou de saúde da pessoa.

Naquele ano, em primeiro de maio, com a ideia de que o ser humano deveria ter o direito de 8 horas de descanso, 8 horas de lazer e 8 horas de trabalho, centenas de trabalhadores em conjunto com seus respectivos sindicatos buscavam conquistar uma luta que até hoje continua. Naquela ocasião, o jornada era de 13 a 14 horas diárias e a greve obteve adesão de milhares de pessoas.

A luta, que se deu na rua e na base do confronto, pela redução das jornadas de trabalho e seguiu nos dias posteriores terminaram com o registro de dezenas de pessoas mortas, lei marcial decretada em plena greve, centenas de sindicalistas foram presos e alguns chegaram a ser condenados à morte numa espécie de evento para os industriais e grandes empresários chamado de "O Fim do Sindicalismo".

Mal sabiam eles que em 1889 seria decretado, por meio da Segunda Internacional Socialista que o dia 1º de Maio seria e é o Dia do Trabalhador até os dias atuais. No Brasil, vivia-se os últimos meses da monarquia num um país que abolia os escravos um ano antes da criação da data.

O fim do "Dia do Trabalhador" e o início do Dia do Trabalho
Desde 1889, todo dia 1º de Maio era marcado por uma grande greve ou um grande evento que reunia dezenas e até centenas de milhares de pessoas nas ruas para recordar a importância de se refletir sobre o sistema de produção e assuntos ligados diretamente aos trabalhadores.

Numa tentativa de acabar com isso, os empresários, industriais e outros patrões transformaram o dia do trabalhador em Dia do Trabalho com a realização de festas, eventos, shows e diversas outras "políticas de pão e circo" para enganar o trabalhador e fazer o dia se transformar como qualquer outro fazendo inclusive com que ele se tornasse num feriado comum, numa espécie de mercadoria.

Nessa brincadeira de mal gosto, centenas de sindicatos de todo o mundo também entraram na onda e, ao invés de promover um ato, um evento que se criticasse ou colocasse à luz algum problema da classe trabalhadora deixou a data de lado. O sistema tem feito com que o Dia dos Trabalhadores que morreram nas ruas de Chicago querendo e acreditando em melhores condições de trabalho se transformasse no dia em que as empresas, governos e sindicatos fizessem comemorações e jogassem no lixo todas as lutas passadas.

Com o sumiço do Dia do Trabalhador, o dia de relembrar lutas, de se pensar na gente que trabalha e não no trabalho como fazem-nos crer, nossos braços tem sido desvalorizados dia após dia, ninguém acredita que o que foi conquistado nas ruas veio das ruas, muitos acham que já estava estabelecido como se um presidente ou um patrão, muito "bonzinho" e sem se importar com os lucros, tivesse colocado como proposta no Congresso, que ninguém morreu para conseguir direitos tão normais hoje em dia como o das oito horas diárias.

Se você ainda não percebeu a inversão de valores que se dá quando trocamos o dia do trabalhador pelo de trabalho vos digo, caro colega de trabalho e companheiro de luta, fazendo e permitindo isso nós, assim como fizeram os donos das fábricas de Chicago, esquecemos de nós mesmos e começaremos a comemorar  o fato de nos tornarmos mercadoria vendida aos patrões. Não importa se corremos riscos de vida andando em caminhões de lixo, não importa se caímos e quebramos parte de nossos corpos por realizar um trabalho difícil ou sem condições de segurança que deveriam ser dadas pela empresa, o que importa é como vai o trabalho não o trabalhador. Sentiu o risco em que ficamos submetidos?

Com o sumiço do dia do trabalhador, ninguém se recorda ou não se lembra de como foi feito para conseguirmos um equipamento básico de trabalho, ou não se lembra de que antigamente se trabalhava mais de 12 horas por dia e hoje oito. Ninguém mostra os direitos que temos garantidos nas leis. Antigamente o trabalhador tinha seu valor e ajudava os outros porque eram reconhecidos. Hoje, como o que importa é o trabalho, todo mundo se mata para derrubar os outros, numa visão individualista e competitiva que se esquece que com todos unidos, as lutas seriam como as de antes.

É função de cada um, principalmente do sindicato, relembrar que temos o nosso DIA DO TRABALHADOR voltado a lembrar do que fizemos e do que fizeram os trabalhadores de hoje e do passado. Um forte abraço e não se esqueça, nosso trabalho não é e nunca será mais importante que nós mesmos.

Por fim, termino trazendo o significado de cada um dos dois tópicos segundo o dicionário Aurélio e, abaixo, um vídeo muito interessante sobre a origem do dia chamado de "Maio, nosso maio":

Trabalho: Atividade física ou intelectual que visa a algum objetivo; labor, ocupação. / O produto dessa atividade; obra. / Esforço, empenho.
Trabalhador: Que ama o trabalho; ativo, diligente, laborioso. / &151; S.m. Pessoa que trabalha; empregado, operário.